sábado, 10 de julho de 2010

Exibidos - Postagem Especial



            Aproveitando a exibição de Asthon Dale e outras beldades  já postadas aqui
            para falar sobre : Tatuagem



 




      Nenhuma nação desconheceu a tatuagem.
Encorajada aqui, proibida acolá, ela independe de geografia, classe ou calendário e é tão antiga quanto a própria humanidade.






Não se sabe ao certo quando chegou por estas bandas, mas viajantes estrangeiros já se surpreendiam com as marcas pigmentadas na pele dos indios.
Nossos índios se tatuavam para denotar sua origem ou marcar momentos de passagem, como a puberdade e mudanças de status, como a de menino para guerreiro ou a de inimigo para escravo





Em " tatuagem e criminalidade" tese apresentada na faculdade de medicina do Rio de Janeiro em 1912, José Ignácio de Carvalho enumerava as tatuagens de presos  da casa de Detenção.
 Nomes, iniciais e emblemas de amor predominavam nos 994 tatuados que encontrou em um universo de 6.542 detentos .
Os tatuados eram padeiros, baleiros, pedreiros, marítimos , cocheiros , domésticos e alfaiates, o que levou o autor a seguinte conclusão :
" O indivíduo tatuado pertence em geral , a uma classe inferior "

Da Itália até Portugal , tatuagem era coisa de cidadão de segunda classe. O mesmo não acontecia com países protestantes , como Alemanha, Holanda e Inglaterra, onde reis e imperadores também adornavam suas peles.




 


No Brasil a tatuagem permanecia marginal no inicio do século passado.
 A situaçao só mudaria com a máquina de tatuar, patendeada pelo inglês
Samuel O' Reilly em 1891.





O grande pioneiro da tatuagem no Brasil foi um ex - marinheiro dinamarquês estabelecido em Santos.
Knud Harld Likke Gregersen ( 1928 -1983) o " Tattoo Lucky" - nasceu em Copenhague.





 

A fama nacional de Tattoo Lucky, contudo, só veio nos anos 1970 e se deve a toda uma nova conjuntura. A tatuagem estava em alta nos EUA , mais especificamente em São Francisco, Califôrnia .
Lá se tatuaram ícones pop como Janis Joplin, Peter Fonda e Joan Baez, o que criou a contaminação da juventude , consumidora de modas.




Quem levantou o dinamarques tatuador foram os surfistas.
Jovens praticantes do esporte passaram a viajar para Santos a procura do dinamarquês.
Uns queriam dragões e panteras, outros preferiam flores , cogumelos ou pequenos símbolos da onda hippie.





Foram os surfistas os anfitriôes da tatuagem no meio da classe média urbana.






E a passagem da marginalidade para a consagração se deu em grande estilo : na voz de Caetano Veloso. Em 1979, o baiano cantava logo na primeira estrofe :
"Menino do Rio/ Calor que provoca arrepio/ Dragão tatuado no braço "

A musica era uma homenagem ao surfista José Artur Machado, o Petit, cliente de Tattoo Locky e dono de um enorme dragão no braço esquerdo **



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Grandes ou pequenas ,
aqueles que apreciam uma tatuagem demarcam algo que para si tem um significado importante !













































                                  Gangues da África do Sul contam histórias com tatuagens

 Uma  Fotógrafa britânica Aramita de Clermont ficou de abril a julho de 2007 na cidade do Cabo, na África do Sul, retratando integrantes de gangues e suas tatuagens.
  A fotógrafa conta que circulou por abrigos de sem-teto, apartamentos humildes, estações rodoviárias e becos em bairros pobres em busca de ex-prisioneiros para fotografar.
 "Pela África do Sul, existe um uso disseminado destas tatuagens.
Algumas chegam a cobrir todo o corpo, incluindo o rosto. 
Ela explicou que as tatuagens causam impactos muito diferentes entre prisioneiros e pessoas no mundo livre.
"Na prisão, os meus retratados são considerados 'reis' e recebem muito respeito e privilégios. No entanto, no mundo de fora, a sua aparência os estigmatiza.
Eles são classificados como criminosos perigosos, despertando medo nas pessoas em geral." Homens tatuam o corpo para contar histórias de vida ...

Ex-presidiário da África do Sul com tatuagens inclusive no rosto !










** Fonte do texto principal :

 artigo de Toni Marques ( Jornalista, Editor do programa fantástico e autor de O Brasil tatuado e outros mundos ) publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional número 40 / Janeiro 2009